Tuesday, September 26, 2006

Mentes Brilhantes


É antiga a questão, sobre o que é preponderante: a capacidade inata (podemos chamar de “dom”) ou treino e motivação? Por exemplo, para alguém ser um exímio pianista, o que foi mais considerável: seu dom, o qual é inato à pessoa, ou o treino e motivação no estudo do instrumento?
É sobre essa questão que a edição de setembro de 2006 da revista Scientific American Brasil (ano 5, nº52) trata.
Uma excelente maneira de estudar tais questões é analisar o comportamento, aprendizado e raciocínio dos enxadristas. Como a habilidade no xadrez pode ser medida facilmente e submetida a experimentos de laboratório, o jogo se tornou um campo de testes importante para teorias nas ciências cognitivas. Dessa maneira, psicólogos procuraram responder essas questões estudando mestres do xadrez.
De que maneira a mente desses brilhantes jogadores armazena, organiza e recupera informações que são relevantes durante partidas. Da mesma maneira, como um virtuose muitas vezes reconstitui a partitura de uma sonata ouvida só uma vez?
Pesquisas têm revelado que o estudo aplicado é a chave para obter sucesso no xadrez, na música clássica, no futebol e em muitos outros campos. Novas pesquisas indicam que a motivação é um fator mais importante que a habilidade inata.
Como conseqüência disso, surge uma interessante teoria, a chamada regra dos dez anos: “A regra dos dez anos afirma que é preciso cerca de uma década de trabalho duro para dominar QUALQUER CAMPO”, ou seja, em uma década de treino exaustivo qualquer pessoa pode tornar-se desde um violinista a um neurocirurgião, independentemente de capacidades inatas. Isso nos leva a vislumbrar a imensa capacidade do cérebro de realizar tarefas, por mais complexas que sejam, adquirida por meio do treino.

Leia Artigo: "Expert Memory: A Comparison of Four Theories"



Para saber mais:

The Rating of chessplayers, past and present. Arpard E. Elo. Acro Publishing, 1978.

Thought and choice in chess. Adriaan de Groot. Mourton, 1978.

Expert Performance in sports: advances in research on sport expertise. Janet L. Starkes e K. Anders Ericsson. Human Kinetics, 2003.

Moves in mind: the psychology of board games. Fernand Gobet, Alex de Voogt e Jean Retschitzki. Psychology Press, 2004.

The Cambridge handbook of expertise and expert performance. Neil Charness, Paul J. Feltovich, Robert R. Hoffman e K. Anders Ericsson. Cambridge University Press, 2006.

Saturday, September 23, 2006

Sentimentos e Expressões Faciais


As expressões faciais na espécie humana têm fundamental importância na comunicação e expressão de sentimentos. O mecanismo de funcionamento, a nível neurológico e sua interpretação tem sido alvo de intenso estudo por parte de várias áreas do conhecimento, pois tem implicações diversas, por exemplo, seria indiscutível seu uso por parte de psicólogos e educadores, que por meio da interpretação dessas expressões teriam noção exata do estado emocional do aluno ou paciente, que poderia estar expressando-o muitas vezes inconscientemente.
Leonardo Da Vinci soube usar a subjetividade e complexidade da expressão facial humana em sua mais famosa obra "Mona Lisa" (leia matéria a respeito) na qual não podemos traduzir com exatidão o estado emocional de Gioconda, seu sorriso enigmático tem atravessado séculos sem uma interpretação definitiva.
Em 1978 Ekman e Friesen desenvolveram a partir de uma minuciosa análise de 5000 expressões faciais de adultos, gravadas em vídeo um sistema de codificação facial denominado FACS (Facial Coding Action System) chegando a um protótipo morfológico de cada emoção, descrevendo quais músculos ou conjuntos musculares são responsáveis por cada ação. Essa foi uma maneira objetiva de sistematizar os sentimentos transmitidos pelas expressões (veja aqui tabela ilustrada).

Tuesday, September 19, 2006

Eu bocejo, tu bocejas, ele boceja...


Já parou para pensar no ato de bocejar? Apesar de parecer trivial, o bocejo fornece importante ferramenta para pesquisadores da área de neurociências, especialmente na área de pesquisas dos chamados "neurônios-espelho". Já percebeu que o ato de bocejar é contagioso? Até mesmo pensar sobre o bocejo, leva o sujeito a bocejar. Leia matéria completa (em português) sobre esse interessante tema. Aliás, ao ler esse parágrafo você ficou tentado a bocejar, não é verdade?

Leia pesquisa sobre o bocejo contagioso em chimpanzés (Contagious yawning in chimpanzees. J. R. Anderson, M. Myowa-Yamakoshi e T. Matsuzawa, em Proceedings of the Royal Society of London B, vol. 271 (Supl. 6), págs. S468-S470, 2004.).

Veja vídeo da pesquisa acima, mostrando chimpanzés após assistir vídeos em que havia indivíduos bocejando: Parte 01, Parte 02